Archive for May 3rd, 2010

May 3, 2010

O trabalho de uma Equipa Júnior

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António Bóia fala da criação de uma nova equipa júnior, da preparação para as Olimpíadas, e da introdução de um capitão adjunto, Celestino Grave. O futuro da equipa júnior, na primeira pessoa.

A equipa que competiu nas Olimpíadas de Culinária de 2008 esteve junta durante um período de quatro anos. Todos eles na competição tinham 22 anos, o que significa que em 2012 já passaram o novo limite máximo de idade (25 anos) para competir como juniores.

Já a pensar nisso, introduzimos dois elementos novos, o João Vaillant e o Nuno Seixas, para que pudessem assistir a umas Olimpíadas. O objectivo principal era que pudessem dar seguimento ao contexto anterior, passando essa experiência aos futuros membros que estão já a ser observados a nível nacional. Na verdade, é extremamente difícil preparar uma equipa júnior quando se parte do zero. É necessário acompanhá-los em tudo, exigindo muito tempo e muita disponibilidade. Achei, por isso, que precisava de ajuda e convidei o chefe Celestino Grave a integrar a equipa, como capitão adjunto. O chefe Celestino já competiu como júnior, já acompanhou uma equipa e conhece bem o seu funcionamento.

Traçámos então um plano até às Olimpíadas. Estamos a observar jovens com potencial a nível nacional, temos já 18 jovens em observação, mas o objectivo é identificar 30 potenciais membros. Estamos igualmente em contacto com chefes de escolas, e pretendemos em Novembro convocar esses 30 jovens pela primeira vez. Cerca de 90 por cento nem sabe que está a ser observado.

Entre Outubro e Novembro, pretendemos começar a trabalhar com eles, e em Dezembro entregaremos um plano com os objectivos a atingir em casa fase. À semelhança do que aconteceu com a equipa anterior, alguns vão sendo excluídos até ficarmos com seis. Até lá, qualquer jovem pode candidatar-se, contactando a ACPP. Sabemos que podem existir pessoas muito interessantes e que não conhecemos, daí que possa partir da sua iniciativa pessoal. Interessa que em Janeiro de 2012 não tenham mais de 24 anos.

Têm de mostrar disponibilidade, força de vontade, energia, e gostar realmente daquilo que fazem. Pertencer a uma equipa requer muita dedicação e tempo. Muitas vezes ficamos sem folgas, sem tempo para a família, e os treinos são exigentes. Mas é uma possibilidade de crescer e abrir novos horizontes. Quantos aos últimos quatro anos da equipa júnior, o balanço que faço é muito positivo. Estivemos em dois concursos individuais e dois em equipa. Em 2006, o João Simões foi campeão do mundo, e em 2008, o Jorge Fernandes ficou em segundo lugar. Com a equipa, ganhámos prata e bronze, tanto na ExpoGast’ como nas Olimpíadas de Culinária.

Todos aprendemos. Uns agora passam para a equipa sénior e outros seguem a sua vida. Eu próprio aprendi e espero no futuro conseguir bons resultados aplicando essa aprendizagem.

António Bóia, Julho 2009
May 3, 2010

O trabalho de uma Equipa Sénior

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Paulo Pinto fala do trabalho da equipa sénior, fazendo um balanço dos últimos quatro anos e projectando os próximos quatro. A realidade da equipa sénior na primeira pessoa.

Em 2004 foi formada uma nova equipa sénior. Foram traçados novos objectivos, procurando elementos para construir uma equipa jovem, motivada e com vontade de trabalhar. Nessa altura, fizemos um plano para os quatro anos seguintes. Planeámos a participação em quatro competições: uma individual e três em equipa. Começámos por competir no Luxemburgo, em 2006 (medalha de bronze); em 2007, houve uma competição individual na Eslovénia, onde ficámos em terceiro lugar. Fomos ainda ao Chipre (medalha de prata) e às Olimpíadas de Culinária em Erfurt, em 2008, (medalha de prata).

Terminava assim, em 2008, o ciclo de quatro anos. Actualmente, estamos a preparar o próximo ciclo, a pensar nas Olimpíadas de Culinária de 2012. Para os próximos quatro anos, contamos com as competições no Luxemburgo, em Singapura, em Santiago do Chile e então, em 2012, na Alemanha. Muitas dúvidas existem sobre quais os requisitos para a entrada na equipa sénior. Alguns elementos actuais foram vencedores de concursos nacionais e outros passaram da equipa júnior para a sénior. O trabalho médio semanal é de 8 horas no mínimo, pois cada prato demora dois meses a ser feito. Claramente é necessário abdicar de muito, e é necessário ser-se diferente e não apenas mais um. Embora ser diferente não signifique ser o melhor.

Quanto aos treinos, numa fase inicial, são definidos os menus, são passadas as técnicas e os métodos de confecção. Depois, são treinados semanalmente esses menus e apresentados uma vez por mês. De cinco em cinco meses, juntamos tudo e comparamos os pratos feitos para que nada se repita. Nos últimos três meses da preparação, treinamos semanalmente a mesa toda. Toda a preparação culmina na participação nas competições. A satisfação pessoal de ver concretizado um sonho de concorrer entre 2000 a 2500 cozinheiros de todo mundo é especial. O contacto com outros colegas, com produtos vindos de todo o mundo, com diferentes culturas gastronómicas e com equipamentos novos é uma especial fonte de aprendizagem.

Mas a verdade é que a participação nestas competições é muito exigente, física e mentalmente. Chegamos a ficar quase três dias sem dormir e só com muita vontade e gosto é que se consegue. A participação da equipa em competição envolve cerca de 15 pessoas e o esforço e dedicação são mútuos. Regressar a Portugal, depois de uma competição, é sentir que o nosso dever foi cumprido a representar o país. O único problema, por enquanto, é não termos um bom apoio das entidades oficiais.

Paulo Pinto, Julho 2009